As limitações dos órgãos da visão humana são enormes. Estamos condenados pela nossa natureza a receber apenas uma pequena gama do espectro electromagnético (a que chamamos luz visível), a distinguir um reduzido número de cores ou a ser enganados por movimentos rápidos devido ao efeito de persistência retiniana. E se, mesmo assim, nos deslumbramos com o que vemos, quando com o simples apertar de um botão nos é revelado todo um mundo novo de fenómenos e realidades físicas a nossa reacção é de espanto e admiração.
É assim a fotografia de alta velocidade. Não é arte, apesar da beleza surpreendente de algumas das suas imagens; é pura técnica, resultado do disparo no tempo certo de um frio aparelho fotográfico perfeitamente sincronizado com o movimento e com a iluminação precisa. É um tipo de fotografia analítica ou documental que não não tem, por isso, um objectivo artístico. Mas o que dizer quando alguém se dedica a pôr em jogo estes sofisticados meios com um intuito estético?
Sabemos que a arte não depende dos meios com que é produzida mas sim da razão por que é feita. Um domínio total dos meios parece, pois, ser necessário para extrair da matéria toda a sua "alma". É o que faz Martin Waugh. Mas a sua matéria - a água - é amorfa e, sobretudo, efémera. A fotografia de alta velocidade permite-lhe captar a beleza fugaz de um momento irrepetível. Tudo é então cuidadosamente planeado: a iluminação, as cores, o ângulo, a profundidade de campo, a velocidade de obturação, o instante exacto... Voilá!
Fonte:Obvious
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